Símbolo da sustentabilidade amazônica, o pirarucu um dos maiores peixes de água doce do mundo virou matéria-prima de bolsas e acessórios de luxo vendidos por milhares de reais no Brasil e no exterior. Enquanto marcas como Osklen e Piper & Skye promovem a sustentabilidade do couro do peixe, pescadores que garantem a preservação da espécie denunciam: a maior parte do lucro não chega até eles.
A pesca do pirarucu segue um rígido plano de manejo, controlado por comunidades ribeirinhas e autorizado pelo Ibama. O modelo, que salvou a espécie da extinção, é considerado um exemplo de conservação. Mas, segundo representantes das comunidades, como Pedro Canízio, vice-presidente da Femapam, o valor pago pela pele ainda é irrisório perto do que os produtos alcançam nas lojas de luxo.
Empresas do setor alegam que os custos do processo justificam os preços e afirmam apoiar o desenvolvimento local. Ainda assim, estudos mostram concentração de mercado e falta de transparência. Especialistas alertam: sem justa remuneração, o modelo sustentável corre risco de colapso.