O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul pode anular o plano de recuperação judicial do frigorífico Boibras, que omitiu uma dívida de R$ 220 milhões com a União. A empresa, localizada em São Gabriel do Oeste, já deve R$ 55 milhões a credores privados e agora corre risco de colapso judicial após denúncia da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
A Justiça deu 90 dias para a Boibras apresentar certidões negativas de débito, sob pena de nulidade do plano aprovado neste ano. A situação é agravada por operar no mesmo endereço que a BMG Foods, empresa de estrutura compartilhada, mas com CNPJ distinto e sem dívidas conhecidas.
O dono da Boibras, Régis Comarella, é vice-presidente da Fiems e presidente do Sicadems, o que levanta questionamentos sobre sua representatividade no setor. A PGFN e o Ministério Público apontam irregularidades graves na condução do processo.
A origem da BMG Foods remete ao antigo grupo Torlim, envolvido em escândalos fiscais e investigado pela Polícia Federal. A sucessora opera com capital estrangeiro, mas tem como figura de bastidor Jair Lima, ex-controlador do Torlim e acusado de sonegação.