quarta-feira, 23/04/2025

Muito além da segurança alimentar, programas promovem qualidade de vida e mobilidade social

Dignidade. Palavra que resume bem o significado do programa Cuidar de Quem Cuida na vida da corumbaense Lidiane Rodrigues das Neves, de 47 anos. É que antes de receber o benefício, tendo que tomar conta em tempo integral da mãe acamada e sem ter como trabalhar, faltava dinheiro para comprar o básico, dormia no chão e a dificuldade estava presente até na hora de preparar os alimentos.

“Eu não tinha cama. Tinha um colchão e um fogão em que só funcionava uma boca”, conta Lidiane. A mãe dela, Aparecida Rodrigues Correa, tem 82 anos e depende de cuidados constantes.

Para garantir a melhoria da qualidade de vida das famílias vulnerabilizadas pela pobreza e pela exclusão social, reduzir as desigualdades sociais e estimular o acompanhamento saudável e o cuidado com a saúde mental, foi criado o programa que paga R$ 900 por mês para cuidadores não remunerados de pessoas com deficiência.

Lidiane é uma das beneficiárias. Com o dinheiro, comprou, por meio de pagamentos parcelados, a cama e o fogão e já não passa os apuros de antigamente.

“O Cuidar é uma benção! Uma coisa de Deus! Porque eu não trabalho, meu tempo é disponibilizado para a minha mãe. Sofremos muito! Chegamos até a passar necessidade. E bem na época que ela tomava os remédios de uso contínuo, muito caro, fralda é caro, e eu sempre corria atrás de conseguir alguma coisa e, no dia que eu descansei, bateram na minha porta. E trouxeram essa benção”, contou a cuidadora.

O benefício do Governo do Estado, por meio da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), tem como público principal os cuidadores de pessoas com dependência grau 2 e 3.

Estão no nível 2 pessoas que dependem de ajuda em até três atividades de autocuidado para a vida diária, tais como alimentação, mobilidade e higiene, sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada. Já o nível 3 abrange pessoas com deficiência que necessitam de assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo.

Sonho

Só que os programas sociais em Mato Grosso do Sul vão muito além de um auxílio emergencial. Eles foram criados para, além de promover a dignidade da pessoa humana e garantir a segurança alimentar, permitir a mobilidade social.

“Dê ao homem um peixe, e você o alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar, e você o alimentará por toda a vida”. Todo mundo já ouviu a frase da escritora britânica Anne Isabella Thackeray Ritchie, geralmente atribuída a fontes antigas, como Lao-Tsé ou provérbios chineses.

Na prática, ela tem muito a ver com a nova política da assistência social de Mato Grosso do Sul, que reconhece o poder transformador da educação e o trabalho como instrumento efetivo de combate à pobreza.

No caso de Thacila Rodrigues Ramos, o programa MS Supera deu aquele empurrão para ela poder concluir a faculdade em Campo Grande.

“Fiz 5 anos de Arquitetura. No último ano, consegui o benefício do MS Supera, que me ajudou muito, porque eu finalizei a minha faculdade pagando R$ 1.800. Eu tinha um pequeno desconto da faculdade de pagar certinho, pagar até o dia 10, né? Só que a gente sabe que é um desconto muito pequeno perto do valor da faculdade, então receber o benefício me ajudou muito porque a gente só pode trabalhar meio período, porque o outro período tem que fazer estágio, e aí a faculdade é à noite. A gente fica meio preso na rotina. Mas, graças a Deus, consegui. Veio certinho, veio na hora certinha”, contou a arquiteta.

Ela começou como estagiária e, no ano passado, foi efetivada em um escritório de Arquitetura. “Como está minha vida agora? Minha vida está tranquila, graças a Deus. Poder estar trabalhando na minha área já é uma coisa que me deixa muito mais tranquila, porque a Arquitetura é uma área muito fechada. Então, se você não consegue ingressar já de início, você não consegue estágio, você não consegue entrar no mercado de trabalho. Depois fica muito mais complicado. E tem gente até aqui que desiste”, conta Thacila.

O programa MS Supera paga um salário mínimo a estudantes de baixa renda, de cursos de educação profissional técnica de nível médio ou universitários de instituições públicas ou privadas, para estimular a permanência dos alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica nos cursos universitários e de educação profissional técnica e reduzir a evasão escolar.

Comida na mesa e criança na creche

Kimberly de Souza dos Santos, de 24 anos, é mãe solteira e conta com o programa Mais Social para colocar comida na mesa para a filha Eliza, de 2 anos, e Juliana, de 5.

“O programa é extremamente importante, principalmente para mim que sou mãe solteira de duas crianças. Quando cai o dinheiro para passar no mercado, já vou direto. Compro fralda, leite, as coisinhas para ela comer. Quem ganha um salário mínimo hoje não compra praticamente nada. Você paga as contas”, avalia a moradora do Jardim Noroeste.

O Mais Social é um programa estruturante que garante o acesso à alimentação básica adequada, por meio de um auxílio mensal de R$ 450, mas também proporciona oportunidades de trabalho e geração de renda. Por meio do MS Qualifica, que é uma parceria da Sead com a Funtrab, ela poderá realizar o desejo de fazer um curso de Estética e melhorar de vida.

Além disso, Kimberly vai poder deixar a filha Eliza em uma creche particular, para atender as clientes, graças ao Programa de Apoio à Mãe Trabalhadora e Chefe de Família, que está em fase de implementação.

“É extremamente importante porque hoje em dia não é barato você pagar alguém, fora a confiança. Hoje em dia é muito perigoso você deixar a criança, principalmente quando é pequenininha assim, deixar nas mãos de alguém que você não conhece. E a vaga na creche é essencial, você ter a segurança: ‘eu fui para o trabalho, deixei a neném na creche. Na hora que eu voltar está lá, está segura, está todo mundo guardando ela, educação também, é extremamente importante isso”, contou.

O Programa de Apoio à Mãe, Mulher Trabalhadora e Chefe de Família concede apoio financeiro às mães ‘solo’ beneficiárias no Programa Mais Social, que não possuam condições de fornecer um local seguro e de cuidado, nos horários em que precisam trabalhar, mediante a comprovação de vínculo empregatício ou de recolhimento previdenciário.

O valor é de R$ 600/mês para cada crianças com idade de 0 a 3 anos, 11 meses e 29 dias. O benefício não pode ser cumulado com qualquer outro benefício social de transferência de renda, exceto com o BPC (Benefício de Proteção Continuada) e o Mais Social. 

Além disso, a mãe poderá receber um adicional de R$ 300 se estiver estudando, seja no ensino regular ou EJA (Educação de Jovens e Adultos).

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