A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu interromper a cooperação com órgãos de investigação do Peru na Operação Lava Jato. A medida foi tomada após constatar que provas compartilhadas em acordos de delação premiada no Brasil foram utilizadas indevidamente no processo judicial peruano. A suspensão foi determinada pela procuradora Anamara Osório Silva, da Secretaria de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal, em abril deste ano.
Segundo a PGR, o uso inadequado dos elementos de prova viola cláusulas do tratado de cooperação entre os países. A suspensão atinge especificamente casos relacionados a ex-executivos da OAS, que firmaram acordos de delação no Brasil, mas foram processados no Peru com base nesses mesmos documentos.
A Secretaria de Cooperação Internacional do MPF aguarda esclarecimentos das autoridades peruanas para decidir sobre a retomada da colaboração. Até o momento, as informações recebidas são consideradas insuficientes para resolver as pendências.
No Peru, quatro ex-presidentes já foram investigados pela Lava Jato, com dois deles, Ollanta Humala e Alejandro Toledo, condenados por corrupção e lavagem de dinheiro. A crise na cooperação internacional pode afetar o andamento de investigações transnacionais envolvendo corrupção e lavagem de dinheiro.