Na Região Urbana do Bandeira, um grupo de guardas encara uma das etapas mais desafiadoras de sua formação: resistir ao desgaste físico e psicológico imposto pelos testes aquáticos dentro da Lagoa Itatiaia. Entre eles, estão os 12 servidores que se tornariam os primeiros a integrar o Grupamento Especializado de Motopatrulhamento (GEMOP), unidade tática sobre duas rodas da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
A disciplina é rígida: a média mínima para aprovação é 7, numa escala de 0 a 10. Quem não alcança esse patamar é desligado. “Só permanece quem realmente tem perfil para atuar nesse tipo de serviço. As etapas iniciais são desafiadoras, exigem resistência, disciplina e foco absoluto”, conta o inspetor Viana, gerente de ensino da GCM.

Essa é apenas uma cena de um processo que simboliza a nova fase da Guarda Civil Metropolitana, que completa 35 anos em 2025. A instituição vive seu maior momento de modernização, com investimentos em viaturas, equipamentos, tecnologia e, sobretudo, na formação dos seus profissionais.
No passado, a realidade era outra. “Nossa Guarda só recebia doações de outras forças de segurança. Hoje, está equipada, valorizada e pronta para atender a população”, lembra a prefeita Adriane Lopes.
Esse passo histórico é visível não apenas nas ruas da Capital, onde circulam novas viaturas com identidade visual renovada, mas principalmente na postura dos agentes. “Antes, servidores atuavam sem preparo adequado, o que colocava em risco até mesmo sua própria integridade. Hoje, temos profissionais capacitados, atualizados e preparados para atender desde manifestações até situações emergenciais”, afirma o secretário Especial de Segurança e Defesa Social, Anderson Gonzaga.
Para vestir a farda da GCM, o caminho é longo. São cerca de 900 horas de capacitação ao longo de cinco a seis meses. Durante esse período, os futuros guardas passam por treinamentos intensos com instituições como a OAB-MS, o Ministério Público, a Polícia Civil e a Polícia Federal.

As disciplinas vão além do uso da força: envolvem direitos humanos, mediação de conflitos, técnicas de abordagem e atendimento ao público. Antes de chegar à sala de aula, o candidato encara exames toxicológicos, avaliações psicológicas e investigação social criteriosa. E mesmo depois de formados, os guardas seguem em constante atualização, em cursos que os preparam para os novos desafios da cidade.
Essa aposta na formação rendeu resultados concretos. A Patrulha Maria da Penha, criada para proteger mulheres vítimas de violência doméstica, foi reconhecida em Brasília com o 3º lugar no Prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral, concedido pelo Conselho Nacional de Justiça. O mérito veio justamente pelo atendimento humanizado, ágil e eficaz, reflexo direto da especialização dos inspetores.

Hoje, a GCM reúne 1.280 servidores que, além da patrulha preventiva, mantêm um vínculo próximo da comunidade. Estão nas escolas, nas praças, nos grandes eventos e também nos momentos de maior vulnerabilidade. Muitas vezes, são os primeiros a chegar quando alguém precisa de ajuda.

Esse elo se fortalece em operações como a Campo Grande Mais Segura, que percorre as sete regiões urbanas com a Base Móvel, um ônibus operacional, além de viaturas, motocicletas e equipes especializadas. Entre elas, a Patrulha Ambiental, a equipe de Trânsito e a própria Patrulha Maria da Penha.
O 35º aniversário da GCM não marca apenas a maturidade da instituição, mas também o início de um novo ciclo. São R$ 6,7 milhões em investimentos que incluem viaturas, armamentos, fardamento, coletes balísticos e sistemas digitais como o SICOP, inédito no Brasil, e o Sinesp CAD 3.0, que modernizam a gestão de ocorrências e integram Campo Grande às plataformas nacionais de segurança pública.
A cada formatura, a cada curso concluído, a cidade ganha inspetores mais técnicos, mais ágeis e mais próximos da população. “Modernizar é importante. Mas valorizar os profissionais, dar a eles conhecimento e condições de atuar, é o que realmente transforma a segurança da cidade”, conclui a prefeita Adriane Lopes.