sábado, 21/12/2024

Entrevista com Youssif Domingos, advogado por formação e pré-candidato a vereador

YOUSSIF DOMINGOS comenta SAÚDE, POLÍTICA E ESTRATÉGIAS ELEITORAIS

Youssif Domingos (61), advogado por formação, já foi secretário de Habitação e Assuntos Fundiários, presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador por três mandatos, deputado estadual e diretor-presidente da Agepan (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos). Na terça-feira (02), ele foi entrevistado por B. de Paula Filho no programa Boca do Povo da FM 101.9.

BOCA: Como está o nosso MDB?

YOUSSIF DOMINGOS: Está se organizando diante da decisão do Dr. André Puccinelli.

BOCA: Como é que está a política?
YOUSSIF DOMINGOS:
Diante dessa decisão do Dr. André, acho que o cenário agora é outro. Nós estamos vendo, acho que pela primeira vez, uma disputa acirrada entre os candidatos. Não se pode menosprezar nenhum deles; não existem facilitadores nessa eleição, e vamos ver como vai se desenrolar. Agora, a grande expectativa vai com relação ao PL, qual posicionamento vai tomar. Até estávamos brincando ontem, né? Bom dia, gente. Quem é o candidato do Bolsonaro hoje? Pois todo dia é um candidato. É uma situação complicada e difícil de opinar sobre, mas a todo momento aparece um nome novo. É uma decisão interna do partido. Começou com uma declaração do Bolsonaro sobre o Deputado João Henrique Catan, depois o Rafael Tavares, a perspectiva de apoiar a atual prefeita Adriane, depois o Portela, agora o deputado Polon e, por último, a possibilidade de apoiar o deputado federal Beto Pereira. Então, temos que aguardar. Acho que ele tem um peso importante nessa eleição e todos estão na expectativa. A coisa está embrulhada.

BOCA: Você acha que, com a experiência política que você tem, inclusive em eleições, o Bolsonaro ainda tem aquele poder de transferir votos só com a palavra?
YOUSSIF DOMINGOS:
A eleição municipal é uma eleição meio que de corrutela. Acho que tem que haver uma empatia entre o eleitor e o candidato. Claro que aqueles que são seguidores dele, não digo todos, acabam definindo o voto para o candidato que ele indicar. Mas acho que as lideranças locais pesam mais do que as nacionais. Esse é meu ponto de vista, posso estar enganado. Penso assim: é claro que tem um peso e um apoio é sempre bem-vindo, mas acredito que as lideranças locais serão realmente o chefe das eleições municipais.

BOCA: Você, que já foi deputado estadual, vereador e até presidiu a nossa Câmara Municipal, e eu sei que você anda muito. Qual é o sentimento do eleitor, principalmente o da periferia?
YOUSSIF DOMINGOS:
Olha, o sentimento da população… a gente tem andado bastante, feito visitas, e a sociedade, de um modo geral, tem algumas reclamações sobre o que está acontecendo hoje, principalmente na questão da saúde. Isso é o pomo da discórdia, o calcanhar de Aquiles de qualquer administração. Saúde precisa de dinheiro, de recursos. Temos visto isso. Sempre falo que, às vezes, criticam a atual administração, mas a prefeita está aí há pouco mais de um ano. Temos que ser honestos em nossas avaliações. Durante 6 anos, foi diferente. Existem coisas que precisam ser feitas e isso vai depender das propostas dos candidatos para o eleitor definir quem é o melhor gestor para Campo Grande. Eu apostava muito no Dr. André pelas gestões que ele proporcionou na prefeitura de Campo Grande, mas infelizmente ele desistiu da candidatura por motivos que observou no momento, pelas dificuldades de enfrentar uma eleição nesse momento difícil. Agora, vamos ver o que a sociedade vai decidir.

BOCA: A previsão do MDB é eleger pelo menos quantos vereadores?
YOUSSIF DOMINGOS:
Vou citar dois exemplos práticos. Em 1996, disputei a eleição para vereador e nosso candidato a prefeito era o Dr. Nelson Trad. Naquela eleição, ele teve cerca de 4% a 5% dos votos, mas elegemos quatro vereadores. Na última eleição para a Câmara Municipal de Campo Grande, o Podemos, que não tinha candidato a prefeito, elegeu três vereadores. Temos uma chapa competitiva. Acredito que podemos eleger de três a quatro vereadores. Essa é nossa perspectiva diante da retirada da candidatura do Dr. André, porque o candidato a prefeito sempre puxa votos, embora, em alguns casos, não puxe. Por exemplo, quando Bernal se elegeu prefeito, salvo engano, elegeu um único vereador, que era o radialista colega de vocês.

BOCA: Youssif, falando em política e propostas, quem te conhece, e toda a cidade te conhece, sabe que você sempre foi um homem público de respeito à coisa pública e às pessoas. Mesmo assim, você fez ou está fazendo alguma proposta aos eleitores?
YOUSSIF DOMINGOS:
Precisamos inverter algumas situações. Por exemplo, no inconsciente popular, o papel do vereador é legislar. A primeira coisa que perguntam é: quantas leis você fez? O problema não é a criação de leis. Campo Grande tem mais de 4000 leis. Acho que precisamos começar a exercitar um papel que, para muitos, é secundário, mas para mim não é: o da fiscalização e da proposição de indicações. Fazer leis é simples. O problema é a lei virar fato. Então, fiscalizar e fazer indicações propositivas e soluções. Até meu sobrinho de 3 anos sabe que temos problemas na saúde, nas favelas, na administração que, às vezes, não caminha na questão burocrática. Todos sabemos disso. O que temos que fazer é tentar explicar como solucionar esses problemas. Tenho colocado, por exemplo, algo que muita gente não percebe. Hoje, por ter reuniões com empreendedores, micro e médios empresários, foi aprovado no Congresso Nacional, em 2013, o mistério do empreendedorismo, pouca gente sabe, e cabe aos municípios criarem suas leis diante da Norma Geral estabelecida. Quando essa lei for regulamentada, trabalharemos na questão dos tributos municipais. Não sei se você sabe, mas até 2014 não tínhamos Refis em Campo Grande porque o campo-grandense tinha capacidade contributiva. Ao longo do tempo, foi perdendo essa capacidade. Hoje, temos 11 Refis de 2014 até agora. Precisa haver uma moderação com relação a isso. Tem Refis porque as pessoas não conseguem mais pagar seus tributos. Essa discussão precisa ser aberta. O município pode perder recursos? Não certo, mas pode fazer uma análise do que vem sendo construído com relação ao crescimento vegetativo da arrecadação e tentar compensar, por exemplo, com a diminuição da majoração. E outra: vamos abrir uma discussão como em Curitiba. Aqui temos duas alíquotas do IPTU: 1% para o residencial e 3,5% para o terreno territorial. Em Curitiba, há três ou quatro alíquotas, que vão de 0,4%, se não me engano, a 1%, dependendo da estratificação social das pessoas.

BOCA: Agradecemos a sua participação e estamos à disposição.
YOUSSIF DOMINGOS:
Quero dizer que amo Campo Grande. Muito obrigado!

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