Integrante da diretoria da Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul) há 20 anos, a professora Deumeires Moraes pretende manter a atual política, que considera vitoriosa, e fazer história ao ser a primeira mulher negra a comandar a entidade, a maior do Centro-Oeste com 24 mil filiados. “São mandatos vitoriosos e hoje nós temos concurso público (na rede estadual), poucos estados conseguem fazer concurso”, afirma.
Atual vice-presidente da gestão de Jaime Teixeira, ela se revezou em outras funções na diretoria desde 2005, como secretária geral por dois mandatos, secretária de comunicação e adjunta em três ocasiões. “Estou preparada para ser presidente”, destaca a professora, que foi escolhida para ser a candidata pelo seu o grupo, o ArtSind (Articulação Sindical). “Fui nome de consenso”, frisa.
Deumeires defende a atual gestão ao listar as conquistas, como o pagamento do maior salário do País ao professor concursado da rede estadual de ensino. “É uma diferença de 40% para o segundo colocado”, garante. Ela reconhece, contudo, que os professores temporários, 50% do total, recebem um salário inferior.
Para a candidata da situação, equiparar o salário de concursado e temporário é o maior desafio. Ela lembra que a Fetems lutou contra o projeto de lei de Reinaldo Azambuja (PSDB), aprovado em julho de 2019, que reduziu o salário do docente sem concurso para a metade do efetivo. A professora destacou que houve manifestação contra a proposta na Assembleia Legislativa e houve mobilização de 1,5 mil professores nas férias de julho.
A vice-presidente ainda rememorou que a federação foi ao Supremo Tribunal Federal contra a lei que reduziu os salários, mas foi derrotada pelo placar de 9 a 1. Apesar de defender a luta para equiparar, Deumeires avalia que a melhor forma de garantir uma remuneração melhor ao professor é o concurso público.
Ela cita a “negociação histórica” que garantiu jornada de seis horas aos administrativos da educação. “Foi resultado de uma greve histórica, que mostrou para a comunidade escolar a importância do servidor administrativo”, conta. Também destaca que eles tiveram reajuste de 15% neste ano, que chegou a 27% com a reestruturação na carreira e a valorização dos funcionários com nível superior.
PROPOSTAS
Deumeires Moraes apresenta como principal proposta a realização de concurso público e a recuperação salarial dos professores convocados. Essas serão as prioridades da sua eventual gestão, que ela classifica como desafios.
Outro desafio é a luta contra a privatização da educação, que vem ocorrendo em outros estados brasileiros, como Paraná, governador por Ratinho Júnior (PSD), e São Paulo, de Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Não precisa privatizar para investir”, critica. A professora diz que o governo paraense investe 10 vezes mais na escola privatizada do que na gerida pelo poder público.
Outra luta será a manutenção da luta contra a cobrança da alíquota previdenciária de 14% dos professores aposentados, também aprovada na gestão de Reinaldo em 2019 e implementada em 2022.
Entre os professores, Deumeires defende a luta para que a reestruturação da carreira contemple o profissional com doutorado. Apesar de a Fetems ser a maior entidade sindical do Estado, ela propõe uma campanha de conscientização para conquistar os professores jovens. O objetivo é convence-los de que sem a luta sindical não seria possível as atuais conquistas da categoria.
PERFIL
Deumeires Moraes é natural de Tupi Paulista (SP) e começou a trabalhar como professora em Dourados em 1987. Professora de Matemática formada pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e Ciências por uma faculdade de Dracena, ela também tem pós-graduação em Gestão Escolar.
Ainda como professora convocada, ela foi a primeira a entrar na Justiça e obter direito a licença maternidade mesmo não sendo concursada. Foi diretora por seis mandatos de uma escola em Dourados e aposentou-se em 2022. Está na direção da Fetems desde 2005.
Atualmente, como vice-presidente, Deumeires Moraes vai para a eleição de 2 de junho com a intenção de fazer história ao ser a primeira mulher negra a comandar a Fetems.