Eve Kugler, sobrevivente do Holocausto e incansável defensora da memória histórica, morreu aos 94 anos em um hospital de Londres, vítima de câncer. Nascida em 1931, na Alemanha, ela testemunhou ainda criança os horrores da Kristallnacht e viu sua família ser perseguida pelo regime nazista. Aos 10 anos, foi enviada com a irmã aos EUA com vistos destinados originalmente a outras crianças que adoeceram.
Esse episódio marcou profundamente Eve, que conviveu com a culpa de ter sobrevivido enquanto tantas outras crianças judias foram mortas. Nos Estados Unidos, foi acolhida por famílias adotivas e viveu uma juventude marcada pela solidão e pelo trauma da guerra. Mais tarde, reencontrou os pais e irmãs, que também sobreviveram aos campos de concentração na França.
Formada em história, trabalhou como jornalista e assessora pública. A partir dos anos 1990, passou a viver no Reino Unido, onde se dedicou a relatar suas experiências para estudantes e em instituições de memória do Holocausto. Até o fim da vida, atuou como testemunha ativa contra o antissemitismo e o racismo. Ela morreu um dia antes de participar da Marcha Internacional dos Vivos, na Polônia.
