Negócios agrícolas comunitários da Amazônia enfrentam grandes dificuldades para obter crédito, dependendo quase exclusivamente do governo como comprador. Pesquisa da ONG Conexsus revela que, entre 1.040 cooperativas e associações mapeadas, 90% nunca acessaram qualquer tipo de financiamento, e 99,9% não foram beneficiadas pelo Pronaf, programa federal destinado à agricultura familiar. A maior parte desses negócios comercializa produtos como castanha, açaí e mel, com 70% tendo o governo como único cliente.
Especialistas destacam que a falta de linhas de crédito específicas para a bioeconomia amazônica, aliada à dificuldade logística para acesso a bancos, restringe o desenvolvimento sustentável da região. Técnicas recomendadas para aumentar a produtividade, como manejo adequado do açaí e recuperação de pastagens degradadas atualmente presentes em 60% das áreas de pecuária ficam fora do alcance por falta de recursos.
O relatório da rede Uma Concertação pela Amazônia e do Instituto Clima e Sociedade recomenda a criação de políticas públicas que facilitem o acesso ao crédito, ampliem a assistência técnica e promovam a regeneração ambiental, equilibrando produção agrícola e conservação da floresta.