Em uma manhã de sol no Parque das Nações Indígenas, o que se via era alegria espalhada em forma de risadas, abraços e conversas. O cenário era de piquenique, mas também de acolhimento: pacientes dos sete Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Campo Grande e moradores de residências terapêuticas se reuniram nesta sexta-feira (19) para celebrar a vida e falar, de maneira leve e coletiva, sobre saúde mental.
A ação, parte da campanha Setembro Amarelo, trouxe um respiro de descontração para quem enfrenta diariamente o peso do estigma. “Uma ação assim é muito importante perante a sociedade, porque o paciente do CAPS é discriminado”, conta Rosemary Ramos Marinho, 48 anos, que há oito anos faz acompanhamento em uma das unidades.

Ao longo dos últimos anos, a Prefeitura de Campo Grande tem fortalecido a Rede de Atenção Psicossocial, garantindo atendimento 24 horas nos CAPS, ampliando as equipes multiprofissionais e promovendo ações de integração como essa. A gestão também tem trabalhado para que a saúde mental seja tratada com prioridade, aproximando os serviços da comunidade e estimulando o cuidado em liberdade, com acolhimento e dignidade.
Rosemary lembra que, durante muito tempo, pessoas com transtornos mentais eram afastadas da vida em comunidade. “Antigamente, pessoas com problemas psiquiátricos eram colocadas em manicômios, muitas vezes para que a própria família as escondesse. Hoje, graças a Deus, temos o CAPS, com profissionais que nos acolhem muito bem”, diz emocionada.

Para J. A., 32 anos, o encontro no parque reforça a importância do vínculo entre pacientes e profissionais. “Aqui está a reunião das pessoas que fazem o bem para nós, recebendo de volta o bem”, resume. Em tratamento no CAPS AD IV há quatro anos, ele ressalta que a primeira etapa da recuperação é a autoaceitação. “O tratamento começa quando a gente aceita que tem a dependência. Sem isso não tem como melhorar.”
A coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial, Lanúbia Garcia, explica que qualquer pessoa em sofrimento ou em crise pode buscar apoio nos CAPS. “O atendimento inicial é feito independentemente do local ou horário. Depois, o paciente é direcionado para a unidade de referência para dar continuidade”, detalha.

Onde encontrar apoio em Campo Grande
Hoje, a cidade conta com sete unidades de CAPS, todas com funcionamento 24 horas:
- CAPS AD IV Álcool e Drogas – Rua Theotônio Rosa Pires, 19 – Jardim São Bento
- CAPS AD III Guanandi – Rua Manuel da Costa Lima, 3272 – Bairro Guanandi
- CAPS III Afrodite Doris Contis – Rua São Paulo, 70 (esq. c/ Rua Pedro Celestino) – Monte Castelo
- CAPS III Margarida – Rua Itambé, 2939 – Vila Rica
- CAPS III Aero Rancho – Rua Manuel da Costa Lima, 3272 – Bairro Guanandi
- CAPS III Vila Almeida – Rua Marechal Hermes, 854 – Vila Almeida
- CAPS Infantojuvenil – Rua São Paulo, 70 (esq. com a Rua Pedro Celestino) – Monte Castelo
Além dos CAPS, pacientes em crise podem procurar uma Unidade de Saúde da Família (USF) ou qualquer unidade de urgência e emergência.