segunda-feira, 14/10/2024

Pesquisadores participam de programa de mobilidade científica para a Itália

Dois pesquisadores da UFMS embarcam na próxima semana para a Itália para participar de um programa de mobilidade de mestres, doutores e pós-doutores brasileiros em universidades italianas. A participação foi possível por meio de submissão na chamada da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect-MS).

Foram aprovadas três propostas de Mato Grosso do Sul, sendo duas submetidas pelos estudantes de Doutorado em Ciências Materiais Camila de Carvalho Calvani e Miller de Oliveira Lacerda. Ambos são orientados pelo professor do Instituto de Física e coordenador do Sisfóton-UFMS, Cícero Cena, e devem realizar pesquisas na Universidade de Trieste, sob a supervisão do professor Alois Bonifácio.

Ao todo, 60 propostas de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento foram aprovadas, contando com o apoio de 17 Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa. Essas propostas envolvem 15 universidades italianas de destaque, incluindo a Universidade de Bolonha, Universidade de Pisa, Politécnico de Milão, e a Universidade de Trieste.

Camila irá desenvolver o projeto Diferenciação de espécies de bactérias utilizando técnicas de espectroscopia óptica molecular e aprendizado de máquina, iniciado no Brasil em colaboração com as professoras Cassia Leal e Hellenicy Rezende. Já Miller atuará no projeto Avanços no fotodiagnóstico de Leishmaniose e Erliquiose utilizando inteligência artificial, que também tem a participação do professor Carlos Nascimento da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (Famez).

“Essas iniciativas representam um marco importante para a formação dos estudantes envolvidos, oferecendo oportunidades de desenvolvimento em ambiente internacional e colaborativo de pesquisa de ponta. A participação em projetos em instituições de renome, como a Universidade de Trieste, não só ampliará o conhecimento técnico-científico dos pesquisadores, como também fortalecerá a colaboração internacional da UFMS”, destaca o professor Cícero.

De acordo com o pesquisador do Infi, a mobilidade contribuirá para a consolidação da linha de pesquisa em fotodiagnóstico e espectroscopia óptica na UFMS, fortalecendo a internacionalização dos programas de pós-graduação e ampliando o impacto científico da Universidade. “Essas parcerias são essenciais para a UFMS se posicionar como um centro de excelência em pesquisa, com resultados que beneficiarão diretamente a sociedade, em especial no enfrentamento de doenças tropicais e emergentes”, ressalta Cícero.

Camila está emocionada com a oportunidade. “Eu estava muito ansiosa com o resultado final, até que em uma manhã o meu orientador Cícero postou no nosso grupo do WhatsApp a imagem com nosso nome no edital de aprovados do processo seletivo da Fundect-MS, foi emocionante. Entrei no portal do Governo do Estado para baixar o resultado, liguei para minha família por vídeo e comecei a chorar mostrando, porque nem eu estava acreditando, todo mundo ficou emocionado assim como eu. Fiquei muito feliz mesmo”, lembra Camila.

“Vou ter a oportunidade de aprender uma nova língua e de aprimorar o inglês também. Vou conhecer e trabalhar com pesquisadores de outros países e ver como se faz ciência fora do nosso País. Espero aproveitar cada momento. O intercâmbio vai me ajudar a conhecer mais da área que estou trabalhando no doutorado, meu orientador na Itália é especialista na técnica de espectroscopia Raman, uma técnica diferente que irá agregar com a que usamos aqui, que é a Espectroscopia por transformada de Fourier-FTIR, eu conhecendo e aprendendo a trabalhar com ela vou poder ampliar de forma técnica nossas análises e trazer um resultado mais aprimorado para nosso trabalho. E, claro, que repassar esse conhecimento para nosso grupo de pesquisa será muito importante”, conta a doutoranda.

Ela explica que o projeto visa desenvolver um protocolo rápido e preciso para identificação de patógenos (espécies de bactérias), utilizando técnicas de espectroscopia óptica molecular e inteligência artificial. “O foco é na identificação eficiente de bactérias, com o intuito de promover tratamentos mais eficazes, garantir o controle de qualidade e segurança de produtos alimentícios, prevenir a propagação de infecções e detectar cepas resistentes a antibióticos. O método proposto utiliza a Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), combinada com análises multivariadas e algoritmos de aprendizado de máquina. Contribuindo com o desenvolvimento de um método multiplex para o diagnóstico de doenças bacterianas, caracterizado por alta precisão, baixo custo e resposta rápida”, fala. Em relação aos resultados, a pesquisadora espera que o projeto proporcione diagnósticos mais precisos, redução do tempo de análise laboratorial e maior agilidade no tratamento de doenças.

Para Miller, as expectativas são altas. “Recebi a notícia por meio do professor Cícero. Fiquei muito surpreso e feliz, até porque não esperava ser selecionado”, conta. “Tenho altas expectativas para o intercâmbio, já que vou ficar por lá por um ano. A troca de informações com outros estudantes e pesquisadores será muito enriquecedora, pois teremos acesso a outros tipos de equipamento que não temos na Universidade”.

Ele explica que trabalho que irá desenvolver é o de diferenciação de leishmaniose e erliquiose utilizando espectroscopia no infravermelho e aprendizado de máquina poderá se beneficiar muito devido aos equipamentos e as linguagens de programação que o grupo italiano desenvolve. “O meu trabalho é sobre doenças tropicais negligenciadas, vou analisar amostra de soro sanguíneo de cães infectados por erliquiose ou leishmaniose usando espectroscopia no infravermelho e usar aprendizado de máquina para desenvolver um modelo de diagnóstico rápido”, diz.

“A ida desses estudantes para desenvolverem parte de suas pesquisas no exterior faz parte de um processo de internacionalização que o Instituto de Física e a UFMS vem passando. Diversas colaborações e parcerias internacionais têm sido promovidas por nossos professores e também temos vivenciado uma mudança em nossa própria pós-graduação, onde atualmente temos seis estudantes estrangeiros, oriundos de países do continente africano e asiático. Essa vivência intercultural, promove um enriquecimento para os estudantes da UFMS. Os estudantes que estão em outubro para Trieste, voltarão com ideias novas, resultados novos e são atores fundamentais para o crescimento do Infi”, destaca o diretor do Instituto Além-Mar Bernardes Gonçalves.

Oportunidade

Os pesquisadores souberam aproveitar a oportunidade oferecida pela Fundect-MS, em parceria com o Conselho Nacional das Fundações de Amparo a Pesquisas e a Universidade de Bolonha, a partir da Chamada MCI – Mobility Confap Italy 2023.

“Esses intercâmbios internacionais trazem resultados excepcionais para Mato Grosso do Sul, como a melhoria na qualidade da pesquisa, fortalecimento da rede acadêmica e, sobretudo, uma vivência da diversidade cultural acadêmica para o estudante. Quando doutorando também participei de um programa de estágio no exterior (Universidade de Wageningen na Holanda) e foi uma experiência transformadora”, fala o diretor-presidente da Fundect, Márcio Araujo.

Recentemente, a Fundação lançou três editais com oportunidades de mobilidade internacional para a Europa. Pesquisadores das instituições sul-mato-grossenses terão a oportunidade de fazer pesquisas em universidades europeias de renome e trocar experiências com cientistas de diferentes nacionalidades e áreas de conhecimento. Para Mato Grosso do Sul, o retorno de pesquisadores com novas habilidades e conhecimentos em suas áreas de pesquisa fortalece a ciência, tecnologia e inovação, auxiliando o desenvolvimento tecnológico no Estado.

BiodivTransform é fruto da Parceria Europeia para a Biodiversidade (Biodiversa+) tem como objetivo de apoiar a pesquisa e a inovação transnacional e colaborativa em Biodiversidade e Mudança Transformativa. edital vai contemplar projetos de pesquisa que unam disciplinas e setores para identificar, analisar e compreender processos de transformação que possam deter e reverter o declínio da biodiversidade. Já o Water4ALL 2024 é uma chamada transnacional conjunta da Water for Circular Economy e 36 agências de financiamento da Europa e de países parceiros da União Europeia, incluindo o Brasil. Com orçamento global previsto de aproximadamente 36 milhões de euros, a chamada apoiará projetos colaborativos de pesquisa e inovação para melhorar a segurança hídrica a longo prazo. As propostas de pesquisa e inovação submetidas à chamada devem abordar pelo menos um dos seguintes temas: melhoria da circularidade da água nas indústrias; circularidade da água urbana; recuperação e valorização de recursos; implicações econômicas, ambientais e sociais da reutilização da água e produtos recuperados. E, o terceiro, é o Confap – ERC IA 2024, que tem por objetivo apoiar o intercâmbio de pesquisadores doutores baseados no Brasil, para integrarem equipes de pesquisadores na Europa, em projetos financiados pelo Conselho Europeu de Pesquisa. Confira o edital aqui.

Créditos/Texto: Vanessa Amin, com colaboração de Maristela Cantadori/Fundect-MS

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