Em uma audiência realizada nesta quinta-feira (11), a Justiça de Campo Grande decidiu que os quatro jovens envolvidos em uma agressão homofóbica, ocorrida em 2011, deverão pagar R$ 1.017 cada um para instituições de caridade. A decisão envolve André Baird, filho do ex-prefeito de Costa Rica, Jesus Baird, e mais três agressores que atacaram um estudante de 21 anos na saída da boate Neo, no centro da cidade.
O episódio gerou grande repercussão na época, pois, segundo a vítima, o ataque foi motivado exclusivamente pela sua orientação sexual. Embora os agressores neguem essa alegação, André Baird, em depoimento à delegada Daniela Kades, confirmou que a agressão ocorreu por homofobia. Durante a audiência, no entanto, ele demonstrou desconforto e pressa, dizendo que precisava ir embora, independentemente do valor a ser cobrado pela Justiça.
O Ataque e suas Consequências
Na noite do incidente, o jovem, que havia acabado de sair da boate, estava sentado em uma esquina com um amigo quando o grupo de agressores passou de carro e começou a xingá-los. Em seguida, dois deles desceram do veículo e correram em direção às vítimas. A vítima, acreditando que se tratava de um assalto, tentou fugir, mas foi perseguido e alcançado. Após uma intensa surra, os agressores se afastaram, mas logo retornaram para continuar o ataque.
O episódio, que durou apenas alguns minutos, deixou cicatrizes profundas, não apenas físicas, mas psicológicas. “É uma coisa forte que eu carrego comigo. Sempre saio de casa com medo”, disse o jovem, que aos 23 anos ainda lida com o trauma do ocorrido.
A Luta pela Reparação e os Desdobramentos Legais
Além da ação criminal, que resultou na multa para os agressores, a vítima também busca reparação por danos morais. Um processo cível ainda está em andamento, embora a data para a audiência ainda não tenha sido agendada. Para o jovem, o processo judicial tem sido uma forma de buscar justiça, mas o caminho não tem sido fácil. Ele compartilhou que, ao longo desses anos, foi alvo de piadas sobre o incidente, o que tem causado constante constrangimento e dificultado o processo de superação.
O caso, que se arrasta por mais de uma década, levanta questões sobre a eficácia da punição em casos de violência homofóbica. A multa de R$ 1.017, destinada a instituições de caridade, pode ser vista como uma medida simbólica diante da gravidade do crime. A vítima, entretanto, ainda questiona se as punições são suficientes.