A dor da perda se transformou em revolta para a família de Marques Ribeiro Gomes (66). Após quase um ano tentando liberar o corpo para sepultamento, os parentes foram surpreendidos com a notícia de que o idoso já havia sido enterrado como indigente, sem que ninguém fosse avisado.
Tudo começou em 21 de agosto de 2024, quando o bar de Marques, no bairro Indubrasil, em Campo Grande, pegou fogo. O local também era sua residência. Após o controle das chamas, os bombeiros encontraram um corpo carbonizado no interior do imóvel. Todos os documentos pessoais foram destruídos no incêndio, o que dificultou a identificação imediata.
Os restos mortais foram encaminhados ao IMOL, mas, devido ao estado do corpo, a identificação visual foi considerada impossível. A família, então, forneceu material genético para a realização de exame de DNA. O resultado, no entanto, demorou quatro meses bem além do prazo de 30 dias inicialmente informado.
Diante da demora, os familiares acionaram o Ministério Público, que interveio e obrigou a liberação do laudo. Com o resultado positivo, o atestado de óbito foi finalmente emitido no fim de abril de 2025, oito meses após a morte. A família marcou o sepultamento para o dia 1º de maio, com todos os preparativos prontos.
Mas o que era para ser o encerramento de um ciclo de dor se tornou ainda mais traumático. Ao comparecer ao IMOL para retirar o corpo, os familiares foram informados de que Marques já havia sido sepultado como indigente em 28 de dezembro de 2024, no Cemitério Cruzeiro. Segundo a instituição, a decisão foi tomada por não haver familiares localizados até então.
“É revoltante. A gente lutando na Justiça para conseguir o atestado de óbito, e eles simplesmente enterram sem avisar ninguém. Disseram que não havia família, sendo que estávamos em contato desde o começo”, disse Aparecida Ribeiro, irmã do idoso.
A família pretende buscar responsabilização judicial e aguarda explicações formais do IMOL.