Enchentes impõem perdas à cultura e ao patrimônio histórico no Rio Grande do Sul. Museus de arte, centros culturais e bens tombados sofrem danos, assim como espaços ligados à imigração europeia. Setor cultural pode custar a se reerguer por não ser prioridade entre as urgências.
No Museu Histórico Visconde de São Leopoldo uma tela reproduzida logo na entrada simboliza o começo de um capítulo fundamental da história da região. Nela estão 39 primeiros imigrantes alemães, recém-chegados a São Leopoldo em 1824, dando início à colonização alemã no sul do país, 200 anos atrás.
Com quase 700 bens culturais atingidos pelas cheias, municípios gaúchos terão prioridade na execução de recursos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e em políticas públicas de fomento como a Lei Rouanet.
Um diagnóstico preliminar foi realizado pelo Ministério da Cultura (MinC) sobre os danos causados pelas enchentes aos prédios histórios, conjuntos asrquitetônicos gaúchos.
De acordo com os quais a CNN teve acesso, por ora foram registrados 98 municípios com bens culturais danificados entre esses bens, estão mais de 650 sítios arqueológicos e pelo menos 28 bens tombados pelo Iphan.
Como é o caso do Palácio Farroupilha, sede do parlamento gaúcho em Porto Alegre; das ruínas da Igreja de São Miguel, em São Miguel das Missões; e do centro histórico do município de Santa Tereza, na região da Serra, conhecido pela arquitetura colonial italiana.
Além disso, reformas que haviam sido entregues recentemente ou estavam em processo de finalização devem precisar de novas intervenções. É o caso do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), na capital gaúcha, e, possivelmente, do Teatro Sete de Abril, em Pelotas.
Não é possível ainda estimar o tamanho do prejuízo. Contudo o Presidente do Iphan, Leandro Grass declarou que certamente haverá necessidade de recursos suplementares para recuperar o patrimônio.
“Sabemos o que foi inundado, mas ainda não há precisão sobre as características desses danos, se foi a parte hidráulica, a elétrica ou a estrutura mesmo dos prédios. Mais adiante, vamos aprofundar esse mapeamento, o que vai subsidiar nossas ações emergenciais”, frisou.
O Iphan destaca que os patrimônios culturais imateriais do Estado como as rodas de capoeira, o gênero musical do choro e os doces de Pelotas demandam atenção, na medida em que seus atores podem ter sido pessoalmente atingidos pelas enchentes.
As cheias exigem uma mudança no escopo de um contrato que havia sido firmado para a recuperação e o restauro do Mercado Público de Porto Alegre, um dos cartões-postais da capital gaúcha.
