quarta-feira, 19/03/2025

Pouca idade e muita garra: filhote de tamanduá recolhido pela PMA se recupera em Bonito

Dias após ser resgatado, o filhote de tamanduá encontrado em Jardim já não precisa mais se colocar em posição de ataque para lidar com a ausência materna e as dificuldades fora de seu habitat natural. Levado ao Raras (Recinto de Amparo e Reabilitação de Animais Silvestres) em Bonito, o bichinho de pouca idade mostra sua força ao se recuperar de uma desidratação intensa e reagir a adaptação no local.

Com tempo de vida entre quatro e cinco meses, o tamanduá tem recebido tratamento exclusivo com uma receita produzida especialmente para ele composta por creme de leite, gema de ovo, vitaminas e cupim. Isso ocorre para que se familiarize com um dos principais alimentos consumidos pela espécie.

Até o momento, o filhote tem lutado para se adaptar sem a mãe e, por isso, é comum que se alimente com certa dificuldade, já apresentando melhoras. O mesmo ocorreu com outro tamanduá de idade semelhante que chegou no local há aproximadamente 15 dias e hoje já tem seu próprio cupinzeiro.

Além do ninho de cupins, tanto o veterano quanto o novato também têm ao seu dispor almofadas e bichinhos de pelúcia. De acordo com Marcelo Matias, médico veterinário do Raras e responsável pelos dois animais, a presença dos objetos é importante para que eles possam agarrá-los, assim como fazem com a mãe.

“Na natureza eles estão sempre agarrados ao corpo da mãe, é meio instintivo dele ficar sempre ali, abraçado. Então a gente sempre coloca ali alguns travesseirinhos, uns bichinhos de pé, alguma coisa assim para eles poderem estar sempre abraçadinhos, para ficarem mais confortáveis e seguros”, explica.

Por terem sido resgatados ainda filhotes, Marcelo informa que os tamanduás deverão passar por um santuário antes de, possivelmente, voltarem ao seu habitat natural no futuro. Essa fase é necessária para que os animais se adaptem em um período de reabilitação, com alimento, água e monitoramento adequados, antes de encararem a vida selvagem.

“Eles não tem a mãe para ensinar uma série de coisas que precisam saber, como achar água na natureza, onde se esconder, onde dormir para não ser predado. Esse tipo de coisa é a mãe que ensina eles”.

Apesar da falta de experiência dos filhotes, o instinto de sobrevivência fala mais alto quando, para se defender, eles adotam a postura de tripé e equilibram-se nas patas traseiras e na cauda. Foi nesta posição que Daniele Gutterres, investigadora da 1° Delegacia de Polícia de Jardim, encontrou o pequeno tamanduá no último domingo (1), em frente ao local de trabalho.

Em seu dia de folga, Daniele foi até a delegacia para alimentar uma cachorra resgatada, quando se deparou com o animal e chamou o plantonista para auxiliar no resgate. “O filhote ainda não comia. Por ser muito novinho, estava muito assustado e ficou em posição de ataque. Foi tranquilo pegar o bichinho e deixar com a PMA de Jardim”, destaca. A PMA (Polícia Militar Ambiental) de Jardim recebeu o filhote e o encaminhou para o Raras em Bonito, onde está atualmente.

Resgate de animais silvestres

Além dos tamanduás, a PMA atua resgatando todas as espécies de animais silvestres, incluindo répteis e aves. Segundo dados de contenção e captura de Mato Grosso do Sul, em 2024 foram registradas 3 vítimas de atropelamento em via urbana, 16 em BR ou via rural e zero vítimas de fogo e acidentes com linha ou cerol. Dos envolvidos nas ocorrências, 24 são mamíferos, 33 são répteis e quelônios e 61 são aves.

De acordo com a 1° tenente Eveny Parrella, assessora de comunicação do 1° BPMA, a maioria dos casos registrados com aves são relativos a acidentes em áreas urbanas, como colisão e queda de filhotes que estão aprendendo a alçar os primeiros voos. Já em períodos chuvosos, as ocorrências com répteis costumam aumentar devido a saída de serpentes para procurar alimentos.

Ao todo, 66 animais já foram contidos e capturados, 36 precisaram apenas de transporte para a unidade ou para a devolução no habitat e outros 35 foram entregues voluntariamente na OPM este ano. A tenente destaca que o contato com a PMA é a medida mais adequada a se tomar caso alguém se depare com um animal silvestre ferido ou fora de seu habitat natural.

“É importante que a população não tente pegar o animal, serpente, tamanduá-bandeira, mirim, porque o animal às vezes no instinto de se defender, ele vai atacar, pode morder ou arranhar a pessoa. O ideal é sempre entrar em contato conosco e pedir essa orientação tanto para animais de pequeno porte quanto animais maiores e o resgate”.

A atuação do órgão é constante e abrange todo o Estado. Para obter mais informações sobre contenção e captura de animais silvestres, a PMA realiza atendimento ao público em Campo Grande por meio do telefone (67) 3357-1500 ou do WhatsApp: (67) 9984-5013, contato exclusivo para mensagens. Pelo aplicativo também é possível receber instruções do profissional de plantão encaminhando fotos do animal encontrado.

CATEGORIAS:

Últimas Notícias

spot_img

Mais notícias

Em visita de cônsul japonês, Hashioka reforça parceria estratégica para MS

O deputado estadual Roberto Hashioka (União Brasil) reforçou o compromisso de fortalecer os laços entre Mato Grosso do Sul e o Japão durante recepção...

Servidores vão às ruas nas 79 cidades de Mato Grosso do Sul com a missão de erradicar extrema pobreza no Estado

Mais de 150 servidores do Mais Social vão às ruas nas 79 cidades sul-mato-grossenses, a partir de segunda-feira (17), atrás de pessoas em situação...

Motorista com selo de ‘Bom Condutor’ já pode aproveitar descontos na renovação da CNH em MS

Motoristas com bom histórico na Carteira Digital de Trânsito (CDT)  têm descontos de 10% no valor das taxas de serviços de renovação, adição e...

Câmara abre CPI para investigar transporte público em Campo Grande

A Câmara Municipal de Campo Grande instaurou uma CPI para investigar possíveis irregularidades no transporte coletivo urbano, operado pelo Consórcio Guaicurus. O anúncio foi...