sexta-feira, 17/10/2025

Mato Grosso do Sul amplia em 720% investimento em pesquisas, e alavanca ciência e inovação com R$ 240 milhões

De aportes modestos em 2017 a cifras expressivas em 2025, os investimentos do Goverdo de Mato Grosso do Sul, via Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia), transformaram o cenário da pesquisa científica e tecnológica no Estado.

O volume anual de recursos aplicados em bolsas e projetos saltou de R$ 9 milhões, registrados há oito anos, para mais de R$ 74 milhões neste ano. A evolução representa um crescimento de mais de 720% do investimento em pesquisas, ciência, tecnologia e inovação em Mato Grosso do Sul.

Além disso, a soma das quantias consolidadas neste período de oito anos é ainda mais expressiva: são 240 milhões investidos diretamente nas universidades e institutos de ensino do Estado através da Fundect – desses, R$ 55 milhões foram destinados ao pagamento de bolsas e R$ 185,4 milhões ao financiamento de 1.538 projetos de pesquisa e inovação.

Os números foram revelados ontem (16), Dia Nacional da Ciência e Tecnologia, pela Fundect, órgão do Governo do Estado ligado à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). A Fundação comemora a trajetória de crescimento.

“É um orgulho para nós vermos o quanto a Fundect auxiliou o Estado em seu desenvolvimento. Isso só comprova o quanto ela é essencial para melhorar a vida das pessoas. E o crescimento confirma que os recursos da Fundect se tornaram um dos principais instrumentos de fomento à formação científica e tecnológica em Mato Grosso do Sul”, explica o diretor-presidente da Fundect, Márcio de Araújo Pereira.

Fundect também aumentou em 700% recursos para pesquisas no SUS (Foto: Arquivo)

Entre 2017 e 2025, a Fundect concedeu 3.128 bolsas de iniciação científica, 900 de mestrado, 886 de doutorado e 128 de pós-doutorado. A UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) aparece como a principal beneficiada, com cerca de R$ 25,3 milhões em bolsas e R$ 85,2 milhões em projetos. 

Já a  UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) recebeu R$ 6,2 milhões em bolsas e R$ 46 milhões em projetos, seguida pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) com R$ 11,9 milhões em bolsas e R$ 24,9 milhões em projetos, e pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) com R$ 8,6 milhões em bolsas e R$ 16,9 milhões em projetos.

IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) e Uniderp também figuram entre as instituições contempladas, com R$ 3 milhões em bolsas e R$ 6 milhões em projetos, somando cerca de R$ 9 milhões em investimentos diretos.

Os valores anuais evidenciam a expansão contínua dos investimentos da Fundect. Se em 2017 o total aplicado foi de R$ 9 milhões, em 2020 ele já chegou a cerca de R$ 35 milhões, enquanto em 2024 ultrapassou R$ 74 milhões, com previsão de alcançar aproximadamente R$ 78 milhões em 2025

Do papel à prática

O investimento em ciência e tecnologia se traduz em resultados concretos dentro das universidades e institutos de ensino sul-mato-grossenses, que transferem para a sociedade os benefícios recebidos. De acordo com o reitor da UEMS, Laércio de Carvalho, a parceria estratégica entre UEMS e a Fundect tem sido fundamental nos últimos anos para o fortalecimento da pesquisa, da extensão e da internacionalização da universidade, atendendo às demandas do estado e aos seus projetos estratégicos.

Ainda segundo ele, a colaboração se materializa principalmente no lançamento de chamadas públicas e editais conjuntos, como os do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PAPOS), que destinam recursos financeiros para pesquisa, extensão e internacionalização.

“A parceria assegura o investimento contínuo e direcionado na ciência e tecnologia, impulsionando a qualidade acadêmica da UEMS e garantindo que sua produção de conhecimento esteja alinhada com as necessidades e o desenvolvimento socioeconômico do Mato Grosso do Sul”, completa Laércio.

Povos Indígenas
Edital Humanidades da Fundect ampliou número de projetos aprovados (Foto: Bruno Rezende/Secom/Arquivo)

Um dos projetos beneficiados é a pesquisa voltada à atenção multiprofissional a mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos, também desenvolvida na UEMS. “Essa pesquisa auxilia na redução de complicações decorrentes dessa síndrome, bem como melhorar a qualidade de vida dessa população. Buscamos oferecer um atendimento acessível e humanizado”, destaca o coordenador da pesquisa, Antônio José Grande.

Outro exemplo é o projeto ‘Mídia Ciência’, que tem como foco a divulgação científica, popularizando a ciência, por meio de produtos midiáticos. A iniciativa é coordenada por André Mazini, pesquisador ligado à UEMS, e conta com financiamento da Fundect.

“A gente quer mostrar a fundo a ciência que é produzida aqui em Mato Grosso do Sul e jogar mais força sobre isso a partir dessa ferramenta que é a internet”, reforça Mazini.

Na UFMS, segundo a reitora Camila Ítavo, as bolsas concedidas e os projetos apoiados ampliam as oportunidades para estudantes e pesquisadores,impactando diretamente no desenvolvimento científico e tecnológico em todas as áreas do conhecimento em Mato Grosso do Sul.

“Destaco também a parceria entre a UFMS, Governo do Estado e empresas por meio da Unidade Embrapii da UFMS, a Agrotec, o que tem gerado oportunidades e fortalecido a economia do Estado”, explica a reitora.

Ela afirma ainda que a parceria com a Fundect é essencial para que a Universidade continue cumprindo seu papel de produzir conhecimento para impactar positivamente a realidade das pessoas. “Agradeço à Fundect e ao Governo do Estado pela confiança e pelo apoio contínuo, e reafirmo nosso compromisso em seguir ampliando essa parceria que melhora o dia a dia e prepara o futuro da sociedade sul-mato-grossense”, completa Camila.

Projeto da UEMS e da Fundect foi finalista nacional no Prêmio Confap de Ciência, Tecnologia e Inovação (Foto: Arquivo)

Um exemplo de bons resultados nessa parceria é o programa de mobilidade internacional que tem fortalecido a produção científica e o intercâmbio de conhecimento com instituições estrangeiras.

“Essas experiências transformam a forma como pesquisamos. Estar em contato com laboratórios de ponta e com pesquisadores reconhecidos internacionalmente abre horizontes, traz novas metodologias e fortalece redes de cooperação. O resultado aparece em pesquisas mais inovadoras, em publicações conjuntas e em soluções que chegam até a sociedade”, destaca o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFMS, Fabrício Frazílio.

Pesquisas da UFMS também se destacaram nacionalmente em prêmios e reconhecimentos. A professora Ana Rita Coimbra, finalista Prêmio CAPES de Tese 2024, foi  apoiada pela Fundect e reforça a importância do vínculo entre universidade e comunidade:

“Esse reconhecimento é muito especial, porque valoriza o trabalho que nós desenvolvemos em equipe há mais de 20 anos, com as populações em situação de vulnerabilidade. Ver o nosso trabalho, nosso esforço sendo reconhecido, mostra que nós estamos no caminho certo e nos motiva a seguir em frente, aproximando cada vez mais a academia, o serviço de saúde e a comunidade”, frisa.

Na área agrícola, o apoio da Fundect também vem garantindo avanços importantes. A pesquisadora Larissa Teodoro foi a vencedora da edição 2024 do prêmio “’Fundação Bunge – Prêmio Jovem Cientista’, na categoria ‘Agricultura Sustentável’.

“O apoio da Fundect foi fundamental para eu receber essa premiação. Esses recursos financeiros são vitais para desenvolvermos tecnologias voltadas para a sustentabilidade na agricultura”, afirma Larissa Teodoro, pesquisadora da UFMS.

Bolsas do Pibic crescem 25% e 750 estudantes estão sendo beneficiados (Foto: Arquivo)

Olhando para o futuro

O diretor-presidente da Fundect, Márcio de Araújo Pereira, afirma que a meta é manter o ritmo de expansão e ampliar o alcance dos resultados.

“Nosso compromisso foi e continuará sendo o de consolidar um ecossistema sustentável de ciência, tecnologia e inovação em Mato Grosso do Sul. Trabalhamos para que cada real investido gere oportunidades, conecte talentos e produza resultados que cheguem à sociedade. Também ampliamos nossa atuação internacional, garantindo que o conhecimento gerado aqui dialogue com o mundo e responda às demandas do Estado, especialmente nas áreas de saúde, agro, sustentabilidade e inclusão social”, destacou.

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