sexta-feira, 15/08/2025

FestSuas resgata história e cultura de Campo Grande e valoriza protagonismo de idosos

Dos personagens históricos, passando pela culinária, artes plásticas, música até os pontos turísticos, a terceira edição do FestSuas – Festival do Idoso do Suas (Sistema Único de Assistência Social), realizada no CCI Vovó Ziza, resgatou  a história da Capital e contou a trajetória de personalidades que contribuíram com a construção da cultura campo-grandense, além de revelar a essência do trabalho desenvolvido pela Rede de Assistência Social do município, por meio do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) oferecido nos 21 Cras, Centros de Convivência e Centros de Convivência do Idoso.

A preparação do evento começou há dois meses, quando os idosos participaram de passeios, dinâmicas, palestras e atividades que tiveram como foco a fundação de Campo Grande e sua evolução como uma metrópole até os dias atuais. O aprendizado serviu de base para a primeira Mostra Cultural realizada em uma  edição do FestSuas. Com muita criatividade e originalidade, idosos e profissionais de 14 unidades que oferecem o SCFV organizaram estandes temáticos que  promoveram o protagonismo dos mais de três mil idosos que frequentam os Cras, CCIs e CCs. 

Na abertura do evento, a apresentação do músico João Paulo Pompeu, filho da dupla Délio e Delinha já dava a deixa da emoção que seria revisitar a história de Campo Grande pelo talento de quem ajudou a construí-la.  

Os espaços disputaram troféus nas categorias Apresentação, Criatividade e Originalidade. Tarefa difícil para os jurados, já que os idosos fizeram a lição de casa e, além de contarem a história, redescobriram uma Campo Grande que, para muitos, revelou surpresas.

Valorização do passado

“Foi surpreendente representar nosso poeta maior e conhecer mais sobre ele”, disse o aposentado Manoel Messias da Silva, que representou Manoel de Barros pelo Cras Popular. Sentado em um banco em um cenário que retratava a região central da cidade, onde está localizada a estátua do poeta, ele falou sobre a emoção da homenagem. “Nunca imaginei participar de um evento assim. Apesar de preferir música, a história de vida dele é muito bonita e adorei conhecer. O Cras é minha segunda família”, afirmou. Ao seu lado, observando o evento com olhar sereno e incorporando o personagem, estava o casal João Raimundo dos Santos e sua esposa Alzenir, que representou o fundador da Capital, o mineiro José Antônio Pereira, e sua mulher, Maria Carolina, que elogiou a coragem do desbravador. “Sair pelo interior do país naquela época não era fácil. Eles foram muito valentes”, afirmou Alzenir.

Uma das personalidades mais famosas da música sul-mato-grossense, a cantora Delinha, falecida em 2022, ganhou representações pelos Cras Popular e Nossa Senhora Aparecida. Fã desde criança da artista, dona Luci Silveira de Moraes vestiu o figurino da Dama do Rasqueado com direito a violão. Emocionada, ela conta que o evento despertou memórias afetivas, já que ela e a mãe ouviam a cantora na antiga Rádio Aquidauana. “Amo todas as músicas dela e fazer esse resgate da nossa história é fundamental porque até os idosos não sabiam muita coisa da nossa cidade”, disse.

Da música para as artes plásticas, o CCI Vovó Ziza enalteceu as principais personalidades da área e levou o universo da artista plástica Conceição dos Bugres, criadora dos famosos “bugrinhos” e que foi representada pela aposentada Melita Jacinta. No estande, os visitantes eram recebidos com um rap em homenagem a Campo Grande, composto pelos professores da unidade e, na sequência, eram convidados a conhecer a trajetória de Conceição e a esculpir, em sabão, uma miniatura das famosas peças da artista. “Eu mesma não sabia da história dos bugrinhos e fiquei mais orgulhosa ainda em saber que ela era gaúcha como eu”, pontuou.

Originalidade

Já os sabores típicos da nossa culinária foram destacados pelo Cras Aero Rancho, que levou a tradicional sopa paraguaia temperada com uma apresentação de dança típica, e pelo Cras Estrela do Sul, que promoveu uma experiência gastronômica com a degustação de um macarrão de comitiva. Uma curiosidade atraiu o público ao estande do Cras Canguru: o preparo culinário da flor do Ipê, árvore símbolo da Capital.  

Teve quem investiu na valorização da própria unidade e optou por destacar o papel e a importância do equipamento na região em que está inserido. Foi o caso dos idosos do Cras Vila Nasser, que mostraram, por meio de fotos e objetos de época, a evolução do equipamento no bairro, destacando desde o terreno antes da edificação do Cras até os cursos e profissionais que passaram pelo local, deixando sua marca. Uma das primeiras máquinas de costura usadas em cursos foi o destaque do estande.

No estande do Cras Anhanduí, a atração foi a dona Neonilda Benitez Almeida, que no Distrito, onde mora há mais de 30 anos, só atende por Doca. Uma das moradoras mais antigas da região, ela é um arquivo vivo da história local e revelou suas memórias aos amigos do Cras, que construíram uma maquete com as tradicionais barracas de venda de doces e pimentas que ficam à beira da estrada, no caminho para Anhanduí.

“Muito importante também mostrar essa realidade local porque todos fazemos parte desta construção”, disse a superintendente de Gestão do Suas, Marcilene Rodrigues, uma das juradas.  

Depois de provar a culinária regional, a dica era sentar em uma das cadeiras de praia e tomar um tereré no cenário organizado pelos idosos do Cras Jardim Aeroporto, que fizeram uma réplica da Orla do Aeroporto, principal ponto turístico da região e que recebe visitantes e moradores de toda a Capital para observar a movimentação dos aviões. Teve quem fechou os olhos e jurou ter visto até o pôr do sol que encanta o campo-grandense na Orla.

Troféus

Ao final do passeio, difícil foi eleger as melhores experiências, mas a secretária de Assistência Social e Cidadania, Camilla Nascimento, resumiu o sentimento do público. “Quantas histórias lindas nós temos aqui. Cada um de vocês, cada história de vida está aqui nessa exposição. Tudo que está à nossa volta foi construído com esperança, trabalho e dedicação. E cada pedaço de Campo Grande não faz parte da história de vocês. Vocês é que fazem parte de cada pedaço de Campo Grande”, concluiu.

“Rever um pouquinho da nossa história por meio do talento de cada idoso foi muito especial”, frisou Gizeli Motta, superintendente de Proteção Social Básica. O evento contou com a presença da secretária-adjunta de Assistência Social, Inês Mongenout, superintendentes, servidores da SAS e secretários da gestão. 

Confira as premiações:

Apresentação

1º lugar – CCI Vovó Ziza
2º lugar – Cras Nossa Senhora Aparecida
3º lugar – CCI Piratininga

Criatividade

1º lugar – Cras Estrela Dalva
2º lugar – Cras Anhandui
3º lugar – Cras Canguru

Originalidade

1º lugar – Cras Vila Nasser
2º lugar – CCI Elias Lahdo
3º lugar – Cras Aero Rancho 

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