segunda-feira, 3/11/2025

Entre flores, memórias e saudade, campo-grandenses se reúnem para homenagear entes queridos no Dia de Finados

Neste domingo (2), cerca de 40 mil pessoas visitaram os três cemitérios públicos de Campo Grande, São Sebastião (Cruzeiro), Santo Amaro e Santo Antônio, para homenagear familiares e amigos já falecidos. O Dia de Finados foi marcado por momentos de fé, reflexão e reencontros emocionados, desde as primeiras horas da manhã, quando os portões foram abertos ao público.

Entre orações e gestos de carinho, o clima era de tranquilidade. Comerciantes, equipes de limpeza e funcionários se organizaram para garantir acolhimento e estrutura a quem escolheu passar o dia recordando aqueles que deixaram saudade.

No cemitério São Sebastião, a movimentação começou cedo. A comerciante Maria Roberta da Silva, que há mais de três décadas vende flores no local, acompanhava o vai e vem dos visitantes com o olhar de quem já viu muitas histórias se repetirem.

“Todo ano é assim, a gente se prepara com carinho. Faço mil vasos de flores e vendo todos. É um trabalho em família: nós compramos os materiais, montamos e acampamos aqui desde sexta. É cansativo, mas também é gratificante, porque é um momento em que todo mundo quer demonstrar amor”, conta.

Perto dali, Francinete Cláudia de Oliveira e os familiares levaram flores ao túmulo do pai. A emoção tomou conta da visitante ao lembrar dos pais, já falecidos.

“É um dia difícil, vem muita saudade. A gente vem todo ano, sempre traz flores, limpa, conversa um pouco. Agora quero ver se consigo colocar uma lápide nova, deixar mais bonito pra ele. É uma forma de cuidar, de estar perto de novo, mesmo que por um instante”, disse, com a voz embargada.

Além da visita e das homenagens, quem passou pelo local também pôde levar um símbolo de vida para casa. A Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), distribuiu mudas de plantas nos cemitérios. O engenheiro Alexsandro Ulisses explicou que a ação busca oferecer conforto às famílias.

“Foram distribuídas 1.200 mudas, divididas entre o Santo Amaro, Santo Antônio e São Sebastião. Aqui ficaram 400. Temos romã, pitanga, acerola e amora, espécies que simbolizam renovação e lembram que, mesmo na saudade, a vida continua”, explicou.

No cemitério Santo Amaro, a comerciante Jucimeire Silva Santos relembra tempos em que o movimento era intenso. Há cerca de 40 anos no mesmo ponto, ela viu o espaço e os costumes mudarem.

“Antigamente era tanta gente que não tinha lugar pra colocar banca. Hoje, vem menos pessoas, principalmente os mais jovens. Depois da pandemia, muita coisa mudou. Mas a gente continua firme, eu, meu filho, minha nora, meu marido e minha irmã. A gente dorme aqui, cuida, e vai levando. É cansativo, mas é o que a gente ama fazer”, conta.

Entre os visitantes, os irmãos Isabel e Francisco Pereira de Lima caminham lado a lado, carregando baldes d’água. Eles mantêm o costume de limpar e enfeitar os túmulos dos pais, do irmão e do marido de Isabel.

“Todo ano a gente vem, é uma lembrança que nunca se apaga. É uma forma de honrar em vida e depois também”, resume Francisco.

No cemitério Santo Antônio, o cenário é parecido: silêncio respeitoso, passos lentos e mãos que ajeitam flores com delicadeza. O comerciante Cristóvão Ramon Gonçalves, há 33 anos no local, fala com serenidade sobre o trabalho.

“Muitos desistiram com o tempo, porque é cansativo e a gente fica aqui direto. Mas é um período em que a gente cria laços, conhece famílias, escuta histórias. Todo ano é diferente, tem dia que vende mais, tem dia que é mais parado, mas o importante é estar aqui, fazer parte disso.”

Entre lágrimas discretas e sorrisos de lembrança, o Dia de Finados em Campo Grande segue sendo mais do que um feriado: é um encontro entre gerações, um gesto de amor que resiste ao tempo e transforma a saudade em memória viva.

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