As ações de conservação do solo empreendidas pelo Governo do Estado, através da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), já mostram seus efeitos positivos para os rios da região de Jardim e Bonito. Mesmo após as fortes chuvas dos últimos dias as águas dos rios não se turvaram e reeditaram o fenômeno da “trilha submersa”, o que é uma demonstração clara do sucesso das medidas conservacionistas, afirmou o secretário da Semadesc, Jaime Verruck.
“O importante é que tivemos esse retorno, comprovando que as ações são acertadas e devem ser intensificadas para chegar a uma proteção adequada dos rios. O governador Eduardo Riedel já determinou que todas as medidas necessárias nesse sentido sejam tomadas, portanto vamos continuar com as práticas conservacionistas do Prosolo, vamos notificar os proprietários rurais para que se adequem às normas no sentido de aumentar a preservação, reverter e evitar a degradação e promover o equilíbrio ambiental, o que beneficia não só a biodiversidade, mas a economia da região como um todo que tem no ecoturismo a importante fonte de renda”, disse Verruck.
A trilha submersa pelas águas cristalinas do rio Olho D’Água, um tributário do rio da Prata, em Jardim, voltou a ocorrer na semana passada. Após acumulado de 220 milímetros de chuvas na região em apenas 7 horas, o nível do rio da Prata subiu, provocando o represamento natural das águas e a elevação do nível do rio Olho D’Água.
Com isso, as estruturas de madeira construídas sobre o leito natural do rio para passagem dos turistas foram encobertas pelas águas, produzindo a “trilha submersa”, um passeio inusitado que atesta o alto grau de proteção da natureza naquele ponto.
Em anos anteriores, devido ao turvamento das águas do rio provocado pelo acúmulo de sedimentos carregados pela chuva, a trilha submersa não era visível. “Esse fenômeno é possível graças à conservação da mata ciliar e ao fato de o atrativo estar inserido dentro de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), uma Unidade de Conservação que protege os ecossistemas locais”, pontuou o diretor do Grupo Rio da Prata, Eduardo Coelho.
Os efeitos positivos das ações conservacionistas também melhoraram a qualidade de outro importante curso d’água da região, o rio Formoso, em sua parte alta. “Comparado ao que era há três anos , tenho visto melhorias. A parte alta do Formoso sofre menos com as chuvas. Mas, principalmente na parte que recebe águas do Formosinho e do rio Anhumas, ainda vai precisar de mais cuidado”, afirma o produtor rural Lucas Alves, que também é sócio de um atrativo turístico em Bonito.
Prosolo
O Prosolo foi criado em 2021 e faz parte de um projeto maior do Governo do Estado que busca a geração de uma base metodológica para uma economia de baixo carbono em Mato Grosso do Sul, desenvolvendo e adaptando tecnologias para a redução e mitigação das emissões de gases de efeito estufa em vários setores da economia do Estado, e dessa forma contribuindo para atingir os objetivos do Programa Estadual de Mudanças Climáticas (Proclima) que é tornar Mato Grosso do Sul Carbono Neutro até 2030.
O Prosolo compreende o desenvolvimento de atividades de contenção de processos erosivos, como terraceamento, adequação de estradas vicinais e restauração da vegetação nativa visando conservar rios e nascentes.
Jaime Verruck cita várias ações diretas e em parceria com diferentes entidades realizadas pelo Prosolo nesse período, como a recuperação de mais de 600 quilômetros de estradas, principalmente por meio do aterramento em propriedades rurais; cerca de 1.200 quilômetros de terraceamento (curvas de nível) para evitar a formação de erosões e a compra e repasse aos municípios de 19 motoniveladoras para auxiliar na manutenção de estradas vicinais e na conservação do solo e da água em 19 municípios de Mato Grosso do Sul.
Especificamente para a região de Jardim, Bonito e Bodoquena, o Governo do Estado adquiriu e repassou uma Patrulha Ambiental para executar ações de conservação do solo.
“A Patrulha Ambiental é composta por 1 terraceador, 1 retroescavadeira, 1 motoniveladora, 1 trator agrícola, 1 caminhão basculante, 1 caminhão tipo melosa, 2 caminhões Truck basculante. Esses equipamentos foram adquiridos com recursos repassados pela Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste) e se destinam a executar ações para a implementação de sistemas de recuperação e conservação do solo e da água, através da integração entre as práticas de manejo em áreas de produção agropecuária, envolvendo atividades de prevenção e contenção de processos erosivos em áreas rurais e urbanas”, explicou o secretário executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta.
Na etapa de execução, foram realizadas visitas para avaliar se as metodologias implantadas eram as mesmas sugeridas nos projetos.
“Em alguns casos, foram realizadas sugestões por parte da equipe do Prosolo para melhor adequar os projetos às características do solo e ao sistema hídrico da microrregião específica onde a propriedade está localizada. As propriedades que realizaram atividades de revolvimento do solo ou obras precisaram elaborar e executar projetos de conservação de solo e água. Esses projetos passam por nova avaliação da equipe do Prosolo”, disse o engenheiro agrônomo Paulo Gimenes, responsável pela fiscalização das ações do Prosolo na região.
Além disso, uma das medidas mais importantes para recuperar e conservar o meio ambiente em Bonito e região foi a criação da Câmara Técnica de Conservação do Solo e da Água de Bonito, Jardim, Bodoquena e Miranda.
Esse colegiado delibera sobre todos os empreendimentos que pretendem se instalar na região e ajudam a definir as ações necessárias dentro da área afim. Só no ano passado, a Câmara Técnica analisou 112 projetos, ainda realizou cursos de capacitação técnica para gestores e operadores, entre outras atividades.